O Lobo do Porto
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Num cais vazio
A beira do porto
Sujo e sombrio
Encontro-me morto
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Meu corpo inerte
Espera sem vida
Que minha alma se liberte
Desta agonia dolorida
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O lixo se espalha
E o vento o varre por cima de mim
Cobrindo minha triste mortalha
Como que a coroar o meu fim
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Vejo o escuro
Que se dissipa no horizonte
Dando lugar ao astro nascituro
Que surge por traz da ponte
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Tento num grande esforço
Mover-me para a luz
Mas para a beira do poço
Meu espírito se conduz
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É quando pressinto
A aproximação
De um lobo faminto
Que vem em minha direção
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Tento me mover
Mas não consigo
Ele vai me morder
Corro perigo
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Mas estou morto
E nada posso fazer
Neste sujo cais do porto
Para me defender
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E sou devorado
Sem dó nem piedade
Mordido e despedaçado
Com sadismo e maldade
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Perdi o sopro de vida
Que de meu âmago logo se esvaiu
Oh lobo homicida
De onde tu surgiu?
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Mas ele sem se importar
Retira-se neste triste arrebol
Para depois de se saciar
Ir feliz da vida descansar
Sob a brilhante Luz do Sol...
Um comentário:
deu uma vontade de virar caçador e abater esse lobo.
mas aí eu pensei... às vezes, o lobo somos nós mesmos...
bjo Zé.
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