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terça-feira, 25 de setembro de 2007

CENTRAL DE SÃO PAULO
Nos anos 70, meu passatempo preferido era escrever muito sobre tudo e em qualquer estilo. Nunca tive muita dificuldade em redação na escola, e então resolvi escrever tudo o que me viesse à cabeça, desde pequenas poesias, desabafos, crônicas, editoriais, textos diversos e até (acreditem), discursos, sendo que um deles foi o da minha formatura de ginásio. Pois bem, na época, eu andava com um caderno e uma caneta e sempre que pintava alguma inspiração eu rabiscava instintivamente o que me vinha à mente, como que naqueles trabalhos de psicografia que costumamos ver na tv com aqueles médiuns como Chico Xavier, por exemplo, e eu faço essa comparação porque muitas vezes a inspiração vinha de forma mais rápida do que eu conseguia escrever, deixando textos e poesias incompletas.Um dia arranjei um emprego em uma multinacional, e nas horas vagas, continuava com meu caderninho anotando tudo o que me vinha à mente e isso, pra minha surpresa, não passava desapercebido, pois algumas pessoas viam aquele meu ato de sacar o caderno e escrever e ficavam curiosas para saber o que eu tanto escrevia. Uma dessas pessoas era a recepcionista da empresa, e sentindo confiança nela, emprestei meu caderno de anotações para que ela lesse. No final da tarde, ela chega para me devolver o caderno e com os olhos úmidos, me fala: -Nossa Zé Roberto, quantas coisas lindas estão escritas aí. Você nunca pensou em publicá-las? Eu disse: Não, são coisas pessoais e nem sei se os outros iriam gostar. E o papo ficou por aí.No dia seguinte, a copeira do escritório ao me servir o café, falou: -Olha Sr. José, a Márcia (recepcionista), me falou que o senhor escreve muito bem e eu queria lhe pedir um favor. Eu disse: -Peça!
Então ela disse: -É que eu briguei com meu namorado e gostaria de fazer as pazes com ele e gostaria de saber se o senhor não escreveria algo para que eu mandasse para ele. Fiquei constrangido, mas disse: Bom, vou fazer! E fiz mesmo! Na semana seguinte, ela veio me agradecer, dizendo que o namorado dela tinha voltado pra ela e coisa e tal e que tinha emocionado o cara. Fiquei feliz e continuei minha vida. Só que para minha surpresa a história se espalhou e um monte de gente começou a vir me pedir para escrever cartas, mensagens, cartões de aniversário e um monte de outras coisas mais que se eu contasse ninguém acreditaria Logicamente que muitas delas recusei porque você não consegue escrever direito para alguém que você nem conhece não é? Algumas eu levava na brincadeira e respondia, outras, fazia com prazer, mas no geral fui me distanciando de tudo isso até o dia em que sai da empresa e nunca mais vi aquela gente. Muitos anos depois, estou indo ao cinema para assistir ao filme Central do Brasil e me emocionei, não só porque o filme é belo, mas principalmente porque vi naquele filme uma grande coincidência com relação a minha história, guardadas as devidas proporções, é claro. Agora que voltei a escrever, resolvi contar essa história para todos vocês com saudade daquele tempo e após redigir o texto, fiquei pensando muito sobre que título daria, e em determinado momento resolvi fazer uma comparação bem humorada com o filme que eu havia assistido, e assim resolvi chamar esse texto de Central de São Paulo, imaginando minha mente como uma grande estação de trem, onde estou sentado, com um papel e uma caneta na mão escrevendo para todos, de forma caridosa e abnegada, tendo como único propósito, fazer o bem as pessoas. E sinceramente, espero em Deus estar atingindo meus objetivos! Muita paz a todos!

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