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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Esta meus amigos, é uma história verídica, uma página de minha vida... Lembrança doce que guardo comigo e que agora gostaria de partilhar com todos vocês que lêem neste momento. Acredito que alguns de vocês possam se emocionar ao ler esta história, assim como me emociono ao contá-la através dessas palavras que ao serem transpostas para o papel, revolvem o meu interior de uma forma agradável em belos momentos por mim vividos e que eternizo neste pequeno conto que dei o nome de:




A MINHA MAIS POÉTICA LEMBRANÇA

Muita gente cultiva seus hobbies, tem predileção por vários objetos e os gostos são os mais variados. O meu é a literatura. Não posso ver um livro que vou logo procurando ver se não o tenho para poder comprá-lo. Esse gosto vem desde criança e á medida que o tempo foi passando, meu gosto pelos livros foi aumentando. Sempre busquei novidades, mas principalmente me interessei mais em garimpar raridades. E foi numa dessas andanças por São Paulo, em plena era de e-books e similares que me deparei com uma gigantesca biblioteca de livros usados, um lugar imenso e lindo, que mais se assemelhava a uma Biblioteca de Alexandria Paulistana. Um lugar que eu curiosamente não conhecia apesar de meus passeios pelo centro da cidade serem constantes. Descobri posteriormente que este lugar acabara de ser inaugurado ali naquele espaço e que seu acervo vinha de uma cidade do interior de são Paulo. Alguns chamam lugares como esses de “sebos”, mas eu me recuso a chamá-los assim, pois são nesses lugares que encontramos preciosidades. “Sebo” tem uma conotação pejorativa na minha modesta opinião. Como os livros sempre foram a minha paixão, sem perda de tempo resolvi entrar a fim de garimpar novos exemplares para a minha estante, sim, porque nunca entrei em uma biblioteca de livros usados ou em uma livraria para sair de mãos vazias. Acabo sempre achando um ou outro belo exemplar.
Ao entrar fui carinhosamente recepcionado por um senhor que tinha quase setenta anos aproximadamente, mas de uma simpatia incomum. Ele me recebeu com um largo sorriso e eu então pude iniciar um belo diálogo com ele:
-Bom dia senhor! Como é seu nome?
-Bom dia! Eu me chamo João, em que posso ajudá-lo?
-Ah sr João, meu nome é Marco, bom dia amigo! Eu vi que o senhor tem muitos livros antigos e raros nesta imensa biblioteca e resolvi entrar pra ver se eu consigo garimpar algum exemplar raro para minha coleção. Sou colecionador, sabe? Eu procuro obras que ainda não tenho e se o senhor me der licença vou vasculhar um pouco suas prateleiras, posso?
-Fique á vontade meu amigo, mas cuidado porque o pó aqui é abundante, sem falar nos ácaros de plantão. Nos mudamos para cá recentemente, mas apesar de toda a limpeza durante a desmontagem da sede antiga, muito pó ainda permaneceu em muitos livros. Se o senhor precisar de luvas ou uma máscara estão ali á sua direita. São mais de quarenta mil livros de todas as épocas possíveis e por mais que eu tire o pó é meio impossível que tudo fique cem por cento Não é?
-Não se preocupe, eu estou acostumado a esses ambientes e graças á Deus não sou alérgico meu amigo!
-Os livros sempre foram a minha obsessão Sr João, a minha maior paixão desde criança sabe? Acho que o mundo precisa de leitura, carece de leitores e de quem alimente essa belíssima industria que faz imprimir nos livros, letras que instruem, que emocionam, que acalentam, que explicam e que são responsáveis pela nossa educação, pela nossa formação moral e espiritual. Existem livros voltados ás coisas ruins, mas creio que na grandiosa maioria dos casos a leitura instrui o homem e faz com que ele possa, não nó se aculturar, mas entender melhor o mundo em que vive, sua história, o por que de tudo, saber como funcionam as coisas, como se resolvem os problemas, saber procurar compreender de onde viemos e até pra onde possivelmente vamos.
Os livros servem também para que nós nos emocionemos, sintamos alegria, medo, indignação e ás vezes até, todos os sentimentos de uma só vez. O mais incrível pra mim é que, apesar de estarmos no ano de dois mil e vinte, a moderna tecnologia e a informática não conseguiram acabar com o gosto que eu e centenas de milhares de pessoas temos no mundo, arquivando essas jóias preciosas com carinho em nossas estantes. Obviamente que uma biblioteca imensa de e-books é para mim algo sem sentido e o ato de se ler livros em computadores de mesa, laptops ou palmtops não se compara ao ato de folhear um belíssimo exemplar, ver sua capa, suas ilustrações e etc. Bom, mas aí é o mesmo conflito que tínhamos quando décadas atrás começou a transição do vinil para o cd, lembra-se Sr João?
-Sim, lembro sim meu amigo Marco. Esses livros que aqui tenho, vem sendo colecionados já por três gerações de minha família e eu particularmente iniciei este trabalho da continuação deste trabalho desde a década de setenta, comprando, vendendo e trocando essas raridades e se Deus quiser, minhas próximas gerações darão continuidade a este meu prazeroso negócio que me dá não só o pão de cada dia, mas também muitas alegrias. Os livros são para mim o alimento de minha alma, o bálsamo que me cura das depressões e que me faz feliz.
-Deus há de querer que as suas próximas gerações dêem continuidade ao belo trabalho de sua família. Tenha certeza de que o que é bom fica pra sempre. Mas deixa-me dar uma boa olhada por aqui, pois quero garimpar algumas coisas... Garimpar livros raros é sempre bom, pois tem muita coisa boa, então achar algo que me interesse ás vezes requer um certo trabalho. Eu procuro livros que ás vezes são pouco lidos ou que precisam de restauração, pois esses são mais baratos, embora na maioria das vezes sejam obras primas ou livros escritos por escritores amadores que lutam pra conseguir publicar seus livros e acreditem, esses escritores muitas vezes são excelentes na arte da escrita.
Eu fiz um curso de restauração e ele me tem sido útil na restauração de algumas boas aquisições que tenho feito.
-Humm... Estou vendo ali uma caixa de ofertas e é lá que vou garimpar... Muita coisa estragada, semi destruída e precisando de restauração. Uma pena que as pessoas não dêem valor a certas coisas. Que pena mesmo! Livros bons aqui de vários estilos em um estado de conservação não muito agradável de se ver e de se ler...
-Sr João, quanto custam os livros dessa caixa?
-Bom meu amigo, esses custam cinco reais cada porque precisam de restauração, mas são livros das décadas de setenta, oitenta, noventa e do ano de dois mil pra cá. Se você escolher vários, faço um bom desconto pra você meu amigo, tudo bem?
-Muito bom Sr. João, vamos ver se encontro algo que me interesse... Humm... Livros policiais, romances, espíritas, esotéricos, didáticos... Acho que vou perder um bom tempo aqui pesquisando. Bons livros mesmo e com um precinho bem camarada.Acho que fiquei bem uma hora pesquisando na caixa de ofertas até que me decidi.
-Acho que vou levar esses cinco Sr João! Tem um aqui sem capa, eu procurei, mas não a encontrei aqui. Mas puxa, parece ser tão bonito esse livro, vou levar assim mesmo. Será que a capa não estaria perdida por aí?
-Ah meu amigo, creio que sim, mas deixe-me seu endereço e telefone que se eu a encontrar entrarei em contato com o amigo, fique tranqüilo. Bom o total de sua compra é vinte e cinco reais, mas vou fazer 20 reais e você vai levar esse sem capa como desconto, está bem para o amigo?
-Perfeito para mim, muito obrigado Sr João! Creia, o senhor ganhou um cliente que será assíduo, afinal, clientes se conquistam através de um bom atendimento e o atendimento que o senhor dispensa aos clientes é exemplar, muito agradecido!
-Não há de que amigo, aprendi com meu pai, que aprendeu com meu avô. Educação passada de berço dá nisso não é?
-Sim, com certeza! Até mais ver Sr João, bons negócios!
Sai da biblioteca de livros usados com as minhas preciosidades, decidido a ir pra casa saborear com os olhos o que havia adquirido por uma ninharia. Minha noite na sala neste dia foi completa, e as letras passearam pelos meus olhos entrando em minha mente de uma forma voraz, porém gostosa. Comecei a folhear os livros, lendo seus prefácios, vendo os assuntos para escolher o que leria primeiro. Tanta coisa boa meu Deus! História natural, um romance baseado em uma história verídica, um livro de ufolgia (que eu adoro!), mais um livro espírita que eu ainda não tinha lido e o livro sem capa que era de poesias. Resolvi optar por esse último porque a poesia sempre foi um tema pelo qual muito me interessei. A poesia acalma, faz bem a alma, nos traz alento á todo o momento, nos faz desabafar, nos leva a amar... Este livro por incrível que pareça me inspirou antes que eu o tivesse lido, pois sem querer comecei uma a rascunhar no pensamento uma poesia...
Comecei então a ler finalmente este belo exemplar. De cara, uma poesia singular, tocante, profunda, cheia de amor, escrita não só por alguém que domina arte da poesia, como também por alguém que emprega imensa paixão e dedicação por esta arte tão bonita. Li e reli a poesia que se encontrava impressa na primeira página e me emocionei demais, tendo meus olhos marejados de emoção. Como é belo este poema meu Deus! Que deliciosos versos estão estampados aqui e que belíssima ilustração completa esta obra que tenho em minhas mãos. Seguramente esta é a mais bela aquisição que fiz nos últimos tempos. Maravilhado que fiquei com a primeira poesia, decidi então dar continuidade na leitura de todos os poemas, sonetos e prosas poéticas, página por página, sem pressa, lendo e relendo ás vezes duas vezes cada poema, cada soneto, cada prosa e, comecei a ler tendo como fundo musical de um belo cd de new age que pus pra tocar no meu som.
Li sem parar e ao final do livro, adormeci suavemente em minha poltrona, sonhando com muitas das situações escritas nos poemas, com os versos ora de desabafo, ora de amor, ora de tesão, ora de sentimentos diversos e viajei nas asas da imaginação pelo mundo dos sonhos, me deixando levar e transportar pelos versos escritos por um poeta que com certeza tem a alma pura e muito amor dentro do coração. Voei com as palavras, com as rimas, com os versos, com as estrofes e tive lindos sonhos. Os verdadeiros poetas têm á capacidade de nos fazer viajar com seus poemas. Nos sentimos personagens de seus enredos, nos enxergamos como se fossemos os inspiradores de seus versos, vemos em suas palavras muito do que vivenciamos, de nossas experiências de vida, de nossas paixões e sofrimentos. Por momentos somos a própria poesia, visitamos lugares, vemos em seus versos situações que parecem ter sido vividas por nós e enfim, fazemos parte deles. Que bonito isso! Quão bom seria se o mundo tivesse mais poetas e se a poesia brotasse nas mentes de todas as pessoas com mais facilidade, porque, com certeza o mundo seria bem melhor! Este foi o meu último pensamento antes de adormecer com o livro aberto pousado sobre o meu peito...
Acordei maravilhosamente bem de manhãzinha, disposto para um novo dia de trabalho. Saboreando meu café, passei os olhos no jornal vendo as notícias diárias e então entre um gole e outro meu telefone toca. Era o sr João da biblioteca de livros usados:
-Senhor Marco? Aqui é o senhor João da livraria onde o senhor comprou os livros ontem, lembra?
-Claro que sim, lembro sim, o que o senhor manda?
-Encontrei o que faltava daquele livro que o senhor levou ontem. A capa, o prefácio e a contra capa do livro estão aqui comigo. Um portador vai passar no seu endereço agora e vai retirar o livro pra que ele seja restaurado e depois lhe será entregue novamente.
-Não será necessário senhor João, não se incomode com isso que eu mesmo faço depois.
-Sim senhor, eu entendo, mas é que nós temos aqui uma oficina de restauração e os alunos aprendem o processo de restauração com alguns livros aqui da biblioteca, o senhor não se importaria?
-Ah, nesse caso tudo bem, poupa-me o trabalho e ainda dou a oportunidade dos alunos aprenderem este processo. Pode vir apanhar o livro, deixarei na portaria.
-Obrigado senhor Marco, estou mandando o portador aí agora mesmo, abraços!Entreguei o livro ao portador, que o levou a oficina de restauração da livraria e fiquei esperando ansioso pela volta de minha preciosidade o que ocorreu em dois dias em virtude do acúmulo de livros a serem restaurados. Mas a espera valeu a pena e como valeu! O livro voltou a mim com a sua capa original, intacta, como se fosse novinho. A edição original era do ano de dois mil e dez, sendo que esta edição que adquiri é a quinta edição do livro, publicada no mesmo ano. Que maravilha isso! Um belíssimo livro de poesias ter cinco edições num mesmo ano! Imaginem quantas edições já não tiveram até agora? Maravilhado e ciente de que realmente minha biblioteca pessoal tinha ganhado um dos mais valiosos itens de minha coleção, sentei-me de novo na poltrona, munido de uma caneca de café, pus para tocar uma música suave e comecei a ler o prefácio:

“O que dizer dessa poetisa linda? O que dizer dessa dama da poesia? O que falar dessa notável mulher que nos encanta com sua bela escrita e que nos emociona com cada verso que imprime, não só no papel, mas no coração de todos nós? Eu a conheci no mundo virtual, esse universo chamado Internet, que nos revela ás vezes surpresas incríveis. Em pouco tempo de amizade, vi essa fantástica poetisa mostrar para todos, os seus primeiros versos e embora ao meu ver ela ainda o fazia de forma um pouco tímida, já revelava através da escrita uma sensibilidade e um talento fora do comum. Eu já escrevia e ela se tornou a minha parceira em uma comunidade na rede de relacionamento social Orkut, chamada Café das Letras, que depois teve um desdobramento para um blog de mesmo nome, ambos de grande sucesso, mas em pouco tempo ela foi alçando vôos mais altos, foi se destacando, criando asas, se libertando e colocando a imaginação, a inspiração e o feeling pra fora cada vez com mais facilidade e desenvoltura. Esse talento não demorou a ser notado. Seu primeiro reconhecimento público depois do Orkut, foi o segundo lugar num concurso de poesias de sua cidade, a bela São José do Rio Preto, cidade do interior de São Paulo e depois, ganhou outros grandes concursos, tendo participado também de várias coletâneas de poesias com autores diversos, todos também belos, um desses livros inclusive é uma coletânea de poemas da comunidade Café das Letras. Agora ela estréia este seu primeiro livro solo o qual tenho a honra de prefaciar, o qual tenho certeza, será o primeiro de muitos livros lançados por esta bela poetisa paulista, que vai atingir em cheio o coração de todos os leitores, que se deliciarão com estas maravilhosas páginas. A grande maioria dos poemas aqui impressos, tive o privilégio de ver nascer e a mesma emoção que senti, será sentida por cada um de vocês, queridos leitores. Minha linda e amada poetisa Mônica dos Santos, minha parceira querida, minha eterna amiga! Eu disse a você que você atingiria seus objetivos. Pois bem, aí está mais uma parte de seus sonhos se tornando realidade. Desfrute de todo esse reconhecimento merecido e justo e tenha certeza de que muitas alegrias virão pela frente, a partir do lançamento deste livro.Um beijo em seu coração! José Roberto Vaicenkovas. São Paulo, Janeiro de Dois mil e dez”

Ler este lindo prefácio fez com que a emoção tomasse conta de mim novamente, principalmente porque as palavras contidas nele traduziram fielmente o que ontem senti ao ler este belo livro que agora tenho em minhas mãos e o qual decidi não vou me desfazer jamais. Jurei desde então guardar este belo livro em meu cofre, localizado no coração e ele, além de ser meu livro de cabeceira até hoje tem sido o alento para todos os dias em que a tristeza ousa se colocar em meu caminho. Guardo este livro no coração e ao finalizar esta história, me sinto tentado a abrir mais uma vez o livro e relê-lo a fim de que eu possa me emocionar mais uma vez. Se me permitirem, lerei para todos vocês o primeiro poema deste livro, que é o título desta obra belíssima. Um poema que fez verter lágrimas de meus olhos e que acredito irá emocionar á todos vocês. Posso começar? Vamos lá:

AINDA TE ESPERO

MONICA DOS SANTOS

*

Quando das minhas mãos

o tremor arrítmico marcar

os outonos sem fim

que passei à tua espera

que eu possa relembrar

*

Quando dos meus sentidos

a ausência se fizer sentir

e meus tantos invernos

tornarem-se remotas e frias lembranças

que eu possa esquecer

*

Quando da minha face

os vincos de tantas primaveras

se fizerem caminhos floridos

na memória e na alma

que eu possa sorrir

*

E, que ao erguer o que resta

da minha fronte altiva

em direção ao Sol, que tantas vezes

me trouxe você

eu possa ainda te esperar

no próximo verão.


Lágrimas sentidas rolam agora novamente em minha face, enquanto adormeço calmamente embalado por este poema que compõe em minha vida a minha mais poética lembrança!! FIM!





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